Life Alnus Taejo

Mesa de trabalho sobre Serviços de Ecossistemas - Fundão

A Comissão Europeia aprovou um Projeto LIFE ao consórcio formado por seis entidades das zonas Centro e Alentejo, em Portugal, e de Madrid, Extremadura e Castela e Leão, em Espanha, que se debruça sobre a proteção e restauro de cursos de água dominados por bosques ripícolas de amieiro na região da bacia internacional do rio Tejo. O Projeto, intitulado LIFE ALNUS TAEJO “Conservation and restoration of mediterranean alder forests priority habitat in Western International Tajo river basin”, é dotado de um orçamento de cerca de quatro milhões de euros e continuará em desenvolvimento até ao ano de 2025.

O Programa LIFE da União Europeia é o único instrumento financeiro dedicado exclusivamente ao meio ambiente, conservação da Natureza e ação climática. Desde 1992, o Programa LIFE cofinanciou mais de 5.500 projetos em toda a UE e inclusive em países fora desta. Foram aprovados 132 novos projetos no âmbito deste programa entre os quais se encontra o presente projeto LIFE ALNUS TAEJO. Os novos projetos LIFE ajudarão a que a Europa se converta num continente neutro desde o ponto de vista climático até 2050, a que a biodiversidade europeia continue a sua estratégia de proteção e recuperação até 2030 e que a UE recupere desde o ponto de vista ecológico após a Covid-19.

 

Conservação de ecossistemas e biodiversidade

Na região Mediterrânica, uma das regiões do mundo mais vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas (incluindo secas, inundações e erosão do solo), as florestas aluviais de amieiro constituem um habitat valioso para estabilizar as margens, melhorar o equilíbrio de nutrientes no solo, melhorar a qualidade da água e reduzir o crescimento excessivo de algas e plantas. Este habitat alberga também várias espécies de peixes e mamíferos protegidos à escala europeia, como a truta, a lontra ou a toupeira-de-água. No entanto, encontra-se gravemente ameaçado na bacia internacional do Tejo, principalmente devido à grave degradação e perda de água, solo, espaço e biodiversidade.
O projeto LIFE ALNUS TAEJO visa proteger, conservar, melhorar e restaurar rios e ribeiras com galerias ripícolas dominadas por amieiros (florestas aluviais ou bosques ripícolas), habitat considerado prioritário pela Diretiva Habitats da UE, que albergam uma elevada biodiversidade e influenciam a qualidade da água e os seus ecossistemas. Além disso, o projeto demonstrará que os resultados das ações melhoram quando aplicados critérios de gestão integrada de bacias, consciencialização social, capacitação técnica, transferência de conhecimentos, troca de experiências em rede e educação ambiental. A equipa do projeto LIFE ALNUS TAEJO irá trabalhar na restauração de florestas aluviais em 432 hectares ao longo de 216 km de rios, e irá promover ações de regeneração natural destes ecossistemas fluviais para promover a conectividade ecológica. As ações do projeto ajudarão a recuperar o solo em linhas de água erodidas, a melhorar a vazão por meio da eliminação de barreiras para a ictiofauna e a melhorar a qualidade da água.
 
O objetivo final, tratando-se este de um projeto demonstrativo, é, em última instância, incentivar outros atores a adotarem as técnicas e métodos nele comprovados e, com isso, lutar contra a degradação das margens e o avanço da desertificação, apresentando-se também como alternativa técnica e economicamente viável de gestão de ecossistemas fluviais.

O LIFE ALNUS TAEJO iniciou-se em setembro de 2021 e já se foi efetuada a caracterização ecológica dos 216 km de cursos de água, dos quais cerca 150 km estão localizados em Portugal.  No seguimento da caracterização efetuada foram já realizadas mesas de trabalho de âmbito internacional.
Recentemente foi realizada um conjunto de mesas de trabalho sobre serviços de Ecossistemas organizadas pela Universidade Politécnica de Madrid, em Portugal em parceria com a Universidade de Évora. Uma das mesas de trabalho foi realizada no passado dia 16 de março no Fundão, no Centro AGROTECH com o apoio da Câmara Municipal do Fundão.
Nesta mesa de trabalho foram reunidos proprietários de zonas adjacentes a um dos troços de recuperação da ZEC Serra da Gardunha, contando com a presença do Sr. Presidente da Junta de Freguesia do Fundão, Malícia Trindade.
Os proprietários participaram ativamente na realização da mesa de trabalho, respondendo a questionários sobre a perceção sobre o projeto e de que forma o mesmo poderá potenciar os serviços de ecossistemas associados aos ambientes ripícolas.

O consórcio

O consórcio é formado por seis entidades de Portugal e Espanha: a UNIVERSIDAD POLITÉCNICA DE MADRID, cujo Departamento de Engenharia e Gestão Florestal e Ambiental coordena o projeto, a UNIVERSIDADE DE ÉVORA, representada pelo Departamento de Paisagem, Ambiente e Ordenamento, a Fundação CESEFOR (Soria), focada no desenvolvimento integral do setor florestal, o Centro Tecnológico Nacional Agroalimentar CTAEX (Badajoz) e as empresas AMBIENTA Ingeniería y Servicios Agrarios y Forestales (Cáceres) e ECOSALIX Sistemas Ecológicos de Engenharia Natural (Ourém) com larga experiência em conservação da natureza e trabalhos de restauro em meio fluvial.